Você já imaginou ter a sua participação social,
interação linguística e produção cultural diminuídos ou até inviabilizados pela
simples privação de um sentido, mais especificamente, o da audição?
Inadmissível, não é mesmo?
Principalmente quando sabemos que, de acordo com a última PNAD Contínua sobre a
temática (anos 2012-2018), pelo menos 1 a cada 20 adultos; e 1 a cada 50
crianças possui algum tipo de comprometimento na audição em território
nacional.
Pois é.
É nesse sentido que nasce o termo cultura surda , um conceito que visa, sobretudo,
trazer visibilidade e representatividade para os indivíduos com algum tipo de
deficiência auditiva. Além disso, é também utilizado para descrever, acolher e
incluir socialmente os surdos na sociedade.
Ainda que seja praticada há mais tempo, o termo foi implementado nos anos 80 e
é utilizado não só para viabilizar a interação na língua de sinais, mas também
para compartilhamento de experiências, padrões de comportamentos e outros
associados aos surdos.
Afinal, quando nos aproximamos da realidade dos surdos, seja por meio dos
estudos ou até pela vivência, percebemos que há nessa comunidade um leque
complexo, rico e muito curioso de possibilidades de produção, interação e
contribuição. Neste sentido, a cultura surda representa um conjunto de costumes,
regras, crenças e vivências desse grupo de pessoas.
Outro grande objetivo do movimento é acabar com os estereótipos e auxiliar
esses indivíduos a se inserirem na comunidade, exercendo seus lados
comunicativos e sociais, favorecendo a criação de laços e o estabelecimento de
bem-estar, sentimento de pertencimento e qualidade de vida.
De acordo com o Ministério da Educação, existe um conjunto de elementos que
englobam a cultura dos indivíduos surdos.
Os principais deles são:
• Linguístico
A língua de sinais é a natural para os indivíduos surdos, certo? E ela pode ser
tão complexa como as demais. É por isso que um dos elementos mais fortes da
cultura surda é o linguístico, visto que essa língua possui suas próprias
regras e complexidade.
• Visualidade
O sentido da visão definitivamente é o principal para apreensão e compreensão
do mundo – e no caso dos surdos não seria diferente, que acabam se tornando
indivíduos ainda mais visuais.
• Família
De acordo com o Ministério da Educação, esse elemento visa discutir questões
ligadas à superproteção, aceitação e até compreensão da surdez dentro dos lares
em que há um ou mais integrantes dessa comunidade.
• Comunidade surda
A comunidade surda é composta não só pelos indivíduos com algum tipo de
deficiência auditiva, mas também por militantes dessa causa, tais como seus
familiares, professores, amigos, intérpretes e outros.
• Organizações e associações
Por fim, há também diversas comunidades e organizações que discutem e se
manifestam a favor dessa causa, favorecendo a identidade dos surdos, ensinando
e/ou aumentando a visibilidade da língua de sinais e abraçando outras lutas
sociais desse movimento.
Artes visuais para surdos, literatura e outros tipos de produções específicas
também estão entre os elementos que devem ser visualizados dentro do grande
leque da cultura surda, de acordo com o Ministério.