De que forma a surdez interfere nas relações profissionais?

De que forma a surdez interfere nas relações profissionais?

Discutir sobre as questões da surdez com quem não conhece o assunto é desafiador. As pessoas ainda não sabem que a maioria dos indivíduos com deficiência auditiva tem dificuldade com a Língua Portuguesa. Isso acontece, pois os surdos são alfabetizados em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais).
Além disso, é comum encontrar pessoas que ainda se refiram ao indivíduo com deficiência auditiva como surdo-mudo – nomenclatura errada e pejorativa. Portanto, a discussão deve sempre iniciar com certos esclarecimentos.
No meio profissional não é diferente. É raro encontrar pessoas que saibam se comunicar em Libras no universo corporativo, causando desconfortos constantes a quem deseja procurar ou mudar de emprego e possui a deficiência. Veja quais são as principais interferências:
• Primeiro contato com a empresa: obter o primeiro contato com a empresa não é tarefa fácil, já que vários canais de comunicação não possuem acessibilidade para pessoas com deficiência;
• Entrevistas de emprego: apesar de extremamente necessário, o número de recrutadores preparados para se comunicar com uma pessoa surda ainda é muito pequeno – ou seja, menos surdos no mercado de trabalho;
• Comunicação entre colegas: em teoria, mesmo após contratada, a pessoa com deficiência auditiva deve ter condições de se comunicar apropriadamente dentro da organização. Na prática é diferente, pois muitos profissionais ainda não possuem habilitação ou conhecimento básico em Libras;
• Pouca representatividade: são poucos os profissionais de renome que possuem deficiência auditiva. A falta de representatividade no âmbito profissional pode causar crises de autoestima, frustração e desânimo. O recrutamento cada vez mais ativo de pessoas com deficiência é importante para que esse cenário mude com o passar do tempo.
É certo que as empresas não estão prontas para falar sobre acessibilidade, de uma forma geral. Quando a questão surge, os primeiros profissionais a serem considerados são as pessoas com deficiência física ou visual.
A surdez não é tão lembrada como as outras deficiências nas relações profissionais, e por diversas vezes não somos convidados à essa reflexão. É possível constatar, portanto, que a surdez é uma deficiência negligenciada.

Comunicação dificultada nas relações profissionais


A comunicação, como em diversos outros casos de deficiência, é o cerne do problema. É essencial pontuar que a deficiência não é o problema, mas sim o pouco alcance da comunicação do surdo.
Normalmente, as empresas não refletem sobre quantos processos corporativos envolvem a comunicação. E, por contar somente com colaboradores ouvintes, o tema não é sequer trazido para a discussão e adaptação. Com isso, a relação profissional do surdo com o ambiente corporativo fica comprometida.
Bem como no trabalho, o surdo também enfrenta desafios no aspecto acadêmico, onde a taxa de alfabetização de pessoas surdas é muito menor que a taxa de ouvintes. Atrelado a isso está o ambiente virtual, que também não se encontra totalmente preparado para receber a pessoa com deficiência auditiva.
Concluindo, o obstáculo imposto pela sociedade para a plena comunicação da pessoa surda é uma questão que precisa ser abordada. São as conexões humanas que nos proporcionam desenvolvimento profissional, social e psíquico para uma vida equilibrada. 

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