A Voz do Silêncio (no original Koe no Katachi) é um filme de animação japonesa lançado em 2016. É baseado no mangá de mesmo nome, escrito por Yoshitoki Oima e serializado na revista de quadrinhos Weekly Shonen Magazine. Posteriormente, os capítulos foram compilados em sete volumes e publicados pela editora Kodansha, entre novembro de 2013 e dezembro de 2014, no Japão.
O anime adaptando a obra começou a ser planejado ainda em 2014 pela produtora Kyoto Animation e a distribuidora Shochiku. O longa tem direção de Naoko Yamada, roteiro de Reiko Yoshida e design de personagens de Futoshi Nishiya. A trilha sonora foi criada por Kensuke Ushio. No Brasil, desde 2019, a animação está disponível para streaming na Netflix.
A trama é centrada na infância e adolescência dos personagens Shoko Nishimiya e Shoya Ishida. Nishimiya é uma garota deficiente auditiva que, ao mudar de escola no 6º ano do Fundamental, começa a sofrer bullying.
Ishida é quem inicia a maior parte dos ataques, que se tornam cada vez mais constantes e agressivos. Após vários episódios de violência, a menina troca de escola novamente e Shoya é responsabilizado pelo bullying. A partir daí, o comportamento dos colegas muda com o garoto e ele passa a sofrer ataques e exclusão social.
Anos mais tarde, no 3º ano do Ensino Médio, depois de também sofrer violência escolar, Ishida tenta reencontrar Nishimiya. Ele busca se redimir com Shoko pelos erros do passado.
A Voz do Silêncio: Koe no Katachi é um longa-metragem que discute temas como preconceito, bullying, traumas psicológicos etc. O anime aborda as dificuldades que deficientes auditivos sofrem em ambientes não inclusivos, desde a infância. Ainda, mostra como a violência escolar causa impactos severos na saúde mental e influencia no desenvolvimento socioemocional de jovens.
Mesmo contando a história de outro país, A Voz do Silêncio traz reflexões que fazem sentido para a realidade brasileira. Grande parte das escolas regulares ainda não oferece acessibilidade aos estudantes com deficiência. Essa exclusão influencia no futuro dos alunos e aumenta as desigualdades no ingresso em Universidades e no mercado de trabalho.
O filme, também, chama a atenção para problemas como depressão, isolamento social e ideação suicida, decorrentes de preconceito, ostracismo e violência. Segundo dados do Ministério da Saúde publicados em 2020, entre 2011 e 2016, 26% das pessoas que tentaram suicídio, no Brasil, tinham alguma deficiência.
Como é demonstrado no anime, a negligência e a omissão são muito comuns em casos de bullying na escola. Mesmo adultos e figuras de autoridade (como professores e diretores) podem demorar a agir para parar a violência.
No filme, os primeiros episódios de preconceito são tratados como piada e há a conivência de todos. Mas, em pouco tempo, a violência aumenta e não pode mais ser ignorada. A Voz do Silêncio aborda a importância de detectar os ataques desde o início para evitar que perseguições ocorram.
Por fim, Koe no Katachi, ainda, traz aspectos do cotidiano de deficientes auditivos, como a linguagem de sinais. Na animação, vemos como o ensino dessa língua é necessário para a inclusão social e autonomia de pessoas com deficiência auditiva.
A Voz do Silêncio: Koe no Katachi é uma obra sensível e séria sobre os desafios que deficientes auditivos enfrentam desde a infância. É um anime que debate os impactos do preconceito e o papel da sociedade em impedir que esse tipo de violência se perpetue. Por isso, é um filme recomendado mesmo para pessoas sem deficiência ou sem convívio com deficientes auditivos.