As maneiras de nos informarmos são diversas e as formas pelas quais recebemos essas informações também. Nos dias atuais, é vital que o conhecimento, de forma geral, chegue a toda a sociedade. Logo, os intérpretes de libras são uma parte extremamente importante para alcançarmos esse objetivo.
É justo afirmarmos que as pessoas surdas sempre enfrentaram diversas barreiras quando o assunto é “receber informação”.
Para entendermos melhor, segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui cerca de 10 milhões de deficientes auditivos, destes, pelo menos 2 milhões apresentam surdez severa.
Apesar dos números consideráveis, a televisão, presente na vida dos brasileiros desde os anos 50, ainda não possui telejornais com a presença de intérpretes de libras, como aponta o artigo de nome
“Proposta de telejornalismo em língua de sinais deve respeitar cultura surda”, publicado na revista online Anagrama, de autoria da Universidade de São Paulo (USP).
Claro, muitas emissoras disponibilizam a opção de “closed caption”, que são as legendas simultâneas, ativadas através do controle remoto. O problema, nesse caso, é que essas legendas não apresentam um vocabulário muito amplo, deixando a desejar na tentativa de tornar os noticiários acessíveis para esse público.
Nesse cenário, o papel do intérprete de libras se destaca ainda mais. Hoje, vamos falar um pouco sobre a importância desse profissional para a comunidade surda e, de forma mais ampla, para a sociedade.
Os surdos aprendem a se comunicar, desde cedo, através de um código linguístico, que é conhecido (e reconhecido) como língua de sinais, ou Libras, no caso do Brasil. Essa língua também varia de acordo com a cultura em que foi desenvolvida.
Como cada país possui seus próprios sinais, o trabalho de um intérprete de libras é fundamental para que os surdos brasileiros possam compreender o que está sendo passado. Isso porque, muitos dos nossos intérpretes, conhecem as demais línguas e as “traduzem” para a brasileira.
Quando o assunto é a interação com as pessoas que não possuem níveis de surdez, as coisas também ficam complicadas:
– Como um aluno pode entender a matéria, caso não faça leitura labial ou o professor não fique de frente para ele durante todo o tempo?
– Como um médico pode atender seu paciente surdo com o máximo de eficiência?
– E em uma entrevista de emprego, como ficam as perguntas e respostas?
Essas questões prejudicam enormemente a comunidade surda. Logo, intérpretes de libras são essenciais para a integração social desse grupo.
Antes de tudo, é preciso considerar alguns pontos: “falar” é sinônimo de “dizer palavras”? Se sim, o que acontece com aqueles que não falam? Ou que não conseguem se comunicar? Eles não têm nada a dizer?
Primeiramente, entre os muitos significados do verbo “falar”, encontramos: “expressar-se de um modo ou de outro” e “’explicar-se ou fazer-se entender por meios que não sejam, necessariamente, as palavras”.
Portanto, o fato de alguém não poder pronunciar palavras não significa que ele não é capaz de se comunicar. Além do mais, as dificuldades que a comunidade surda enfrenta diariamente, os tornam mais ansiosos para serem ouvidos e entendidos, tornando o intérprete de libras, novamente, indispensável.
Resumidamente, o intérprete de libras é uma pessoa que ouve e fala, que transmite para outros ouvintes o que a pessoa com surdez quer dizer e vice-versa. Em outras palavras, o intérprete é quem torna possível a comunicação entre a comunidade surda e o resto da sociedade que, infelizmente, ainda é bastante leiga quanto ao assunto.
O intérprete quebra o silêncio, rompe barreiras e faz com que todos os que possuem direitos, finalmente, os exerçam.